Não matem o Mandarim!

38ª Criação I Estreia: 11 de Janeiro de 1996 no Teatro Estúdio de Massarelos - Porto

Teodoro, amanuense do Ministério do Reino, mora à Travessa da Conceição, em Lisboa, na pensão da D. Augusta. Vive aí a vida monótona e medíocre de um funcionário público pobre, que suspira por uma aventura galante e por um bom jantar num bom hotel mas que se vê peado pelos seus vinte mil réis mensais de vencimento. Teodoro não acredita no Diabo, não acredita em Deus, mas é supersticioso e reza a Nossa Senhora das Dores... "Céu e Inferno são concepções sociais para uso da plebe e eu pertenço à classe média", como confessa. Um dia descobre na Feira da Ladra um livro com a fábula do Mandarim, cuja enorme riqueza ele poderá alcançar se tocar uma campaínha que desde logo o vitimará, nos confins da China, herdando-lhe os milhões. Uma visão do Diabo decide-o. Tocará a campaínha e será fabulosamente rico. Começa então uma vida de luxúria e dissipação. As mulheres são o seu fraco e é logo traído por uma Cândida, loura e pequenina, que o engana com um alferes. Cedo irá aborrecer-se. Cedo ficará a braços com a visão acusadora do mandarim que o assassinara. Debalde viaja pela Europa e pelo Oriente para afastar essa visão. Em Paris entrega-se de novo à orgia, acabando por partir para a China pensando poder compensar aí a família deserdada do falecido mandarim. Tudo porém lhe corre mal na China, não conseguindo o seu intento mas tão somente mais uma aventura com uma generala. Em vão tentará fugir do remorso. Por toda a parte é perseguido pelo fantasma da sua vítima. Regressado a Lisboa, logo verá, ao desembarcar no Cais das Colunas, a figura do mandarim que enche todo o arco da Rua Augusta. Teodoro acabará por suplicar ao Diabo que ressuscite o mandarim, livrando-o da sua fortuna. Viverá uma vida de aborrecimento e saciedade, acabando por fazer seu testamenteiro o Diabo e considerar que "só sabe bem o pão que dia a dia ganham as nossas mãos"... 

a partir do conto "O Mandarim" de Eça de Queiroz

Adaptação dramatúrgica: José Leitão
Encenação:
José Leitão
Direcção musical:
Carlos Adolfo
Cenografia e cartaz:
Manuel de Sousa
Figurinos e adereços:
Fátima Maio
Desenho de luz:
Ricardo Alves
Interpretação:
António Pedro, Cristina Briona, Pedro Carvalho e Susana Barbosa
Fotografia de cena:
Bruno Carvalho
Operação técnica de som e luz:
Jorge Mendo
Execução cenográfica:
Sabino Pires
Execução de guarda roupa:
Fátima Maio e Emília Filipe
Produção executiva:
José Leitão e Ricardo Alves


Ante Estreia a 16 de Novembro de 1995 no Cine Teatro Garret - Póvoa de Varzim


A temporada no Porto foi acompanhada por um ciclo de sessões dedicados a Eça, com o título "Essa é que é Eça", às quintas-feiras, assim como a exposição "Percursos da geografia queirosiana - da biografia à ficção", organizada pelo Museu Municipal da Etnografia e História da Póvoa de Varzim



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