QUINTA DA CAVERNEIRA

A Quinta da Caverneira, encimando o Monte da Caverneira, é um edifício, de arquitetura peculiar, filiável na chamada «casa de brasileiro», tão característica da Terra da Maia, com torreão central, ameado, idêntico às torres barrocas de Nazoni. A inclinação dos telhados e construção de mansardas têm influência alpina. A Quinta é composta por palacete, casa da eira, eira e área de jardim e cultivo. Palacete de dominante horizontal, em forma de "cruz" atrofiada de um lado, centrada por torre alta, com ameias, que quebra a horizontalidade do conjunto. Volumes diferenciados com coberturas de duas águas no edifício principal, e plana na torre e volumes de construção recente. Fachada principal, orientada a E, enquadrada por cunhais apilastrados de cantaria granítica á vista, percorrida por embasamento de granito e rematada por friso e cornija saliente, desenvolvida em três panos, sendo os laterais simétricos, rasgados por dois vãos de janela de verga reta, de duas folhas, emolduradas a cantaria de granito, sobrepujados ao nível da cobertura por igual número de mansardas de forma aguçada, com vãos rematados em arco de volta perfeita. O pano central, é marcado pela torre, que apresenta três níveis de registo. O primeiro, rasgado pela entrada principal, antecedida por escada de dois lanços; o segundo por vão de janela; e o terceiro por vão de porta e varanda, protegida com grades de ferro. Alçado posterior, idêntico ao principal, com exceção do volume que este apresenta ao centro. O novo volume existente a N., de construção recente, de linhas simples encontra-se revestido com capeamento de granito amarelo, idêntico ao original, até à mesma altura do soco de alvenaria da casa principal. Um passadiço de metal envidraçado, faz a ligação entre o corpo antigo e o recente.

Trata-se de uma construção do Séc. XIX. A quinta foi comprada pelo Professor Doutor Joaquim Rodrigues dos Santos, catedrático da Universidade do Porto, grande impulsionador de estudos de arqueologia, etnografia e etnologia, constituindo assim, por si só, um polo de inegável interesse patrimonial e simbólico, sendo a sua residência durante mais de cinquenta anos. Em 1945, a quinta ainda apresentava a sua dimensão original, com casa de caseiros, socalcos, tanques de rega, fonte, moinho de vento a portão par a Rua de D. Afonso Henriques. Em 1990 - faleceu o Professor Doutor Joaquim Rodrigues dos Santos, passando a quinta para os seus familiares. Em 1990 os familiares fazem loteamentos de uma grande parte dos terrenos pertencentes à quinta, para construção de edifícios de habitação, pouco tempo depois a Câmara Municipal da Maia comprou a casa e os restantes terrenos e implementou o projeto de reabilitação, conservação e adaptação a novos usos, procedendo à demolição da ampliação dissonante, existente a N., consolidação das estruturas primitivas, substituição dos pisos originais intermédios, por lajes de betão, substituição de madeiras, estuques, argamassas, elementos metálicos e revestimentos, conservação e ampliação da casa da eira e construção de um novo volume de linhas simples, para instalação do auditório.

No seu interior, atualmente, no rés-do-chão o espaço está ocupado com receção, uma biblioteca denominada Fundo Teatral Teatro Art’Imagem/C.M.Maia, uma Galeria de exposições, um gabinete do secretariado e o Auditório com capacidade para 99 pessoas. No primeiro piso, estão os gabinetes administrativos do Teatro Art’Imagem. E no terceiro piso, que corresponde apenas o espaço da torre, funciona como miradouro. A Casa da Eira, no Exterior, uma pequena construção foi transformada em cafetaria, rasgada na fachada principal por duas portas de verga reta, envolvidas por moldura de granito que ligam ao embasamento e este aos cunhais.

Está em parte aberto ao público, o seu principal destinatário, como é o caso dos seus jardins, da sua eira, da Galeria de exposições e da Biblioteca. A Quinta da Caverneira é portanto um edifício da Câmara Municipal da Maia que, em protocolo com o Teatro Art´Imagem, é utilizado para as suas atividades teatrais, com programação regular de teatro que contemplam espetáculos, formação e exposições.


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