Quem matou a Condessa?

43ª Criação I Estreia:  21 de Fevereiro de 1997 no Teatro Estúdio de Massarelos - Porto

Histórias Policiais

Foi o facto de fazer girar a sua história à volta dum crime misterioso que desafiava a inteligência e resistia a qualquer tentativa de explicação que tornou diferente e verdadeiramente original a novela "The murders in the Rue Morge" que Edgar Allan Poe escreveu em 1841 e é unanimemente considerada como a primeira história policial. Nele, o autor atrevia-se a centralizar todo o entrecho num duplo crime cometido em circunstâncias "impossíveis". A solução era procurada e conseguida por um brilhante amador, dotado de inteligência invulgar, que raciocinando a partir de indícios de aparência insignificante, desvenda o enigma e identifica o responsável. Era o início de toda uma galeria de investigadores, malabaristas da lógica, que deduzem e induzem, arquitectam silogismos perfeitos e obtêm sempre conclusões certas e deslumbrantes. Fundara-se a corrente dedutiva da Ficção Policial, a mais nobre e mais divulgada, toda agarrada aos tratados de lógica e às regras do "fair-play". Mas Poe foi mais longe. A sua novela não é isenta de emoção, de pormenores truculentos e de cenas de sangue; há nela esboços de perseguições movimentadas e de emboscadas traiçoeiras. Aparecia, assim, em embrião, a corrente sensacionalista, impregnada de acção, a que os americanos viriam a dar pendor nitidamente "sexy", com loiras perturbantes e ambientes viciados.[...] A Literatura Policial, graças ao impulso inapreciável de Conan Doyle, conheceu um período áureo, no princípio do século. Foi tal a sua força que conseguiu interessar grandes escritores que, em todo o Mundo, compreenderam as possibilidades do género e não desdenharam aproveitá-las. Foi o caso, entre nós, de Fernando Pessoa com os seus esboços de "romances policiários", foi o caso, em Inglaterra, de Gilbert Keith Chesterton, o imortal autor de "Orthodoxy". O contributo de tão grandes nomes não podia deixar de ser proveitoso. A Literatura Policial começou a tender para uma crescente intelectualização e decidiu prescindir de cordelinhos fáceis e truculentos, Chesterton com os seus contos policiais, sobretudo aqueles em que surge a figura profundamente simples e humana de Padre Brown, injectou na Ficção Detectivesca o tónico das preocupações sociais e chegou ao ponto de lhe conferir tendências filosofantes. - Lima da Costa in "Antologia do Conto Policial" - Editora Arcádia - 1961


Sousa Santos Silva

Não foi simples escrever, encenar e dar voz a este Sousa Santos Silva, criar e voltar a criar. Da escrita - trabalho solitário onde quase se controla todos os factores - à encenação e palco - trabalho conjunto onde uma data de factores condicionam - enriquecendo ou limitando - a história que se conta. E nesta arte do possível o mais importante é a história que se conta. A história deste Sousa, seguidor de mitos, personagem que se reconstrói a cada passo. Personagem que não tem estrutura à altura da postura - aliás como muitos que eu conheço, mas, e ao contrário dos muitos que conheço - tem os princípios, e se é certo que não tem os meios, no fim levanta-se novamente e sempre disposto a "rebentar mais uma parede com os cornos", eterno sonhador de sonhos alheios. - Ricardo Alves


Aos bonecos

Não sei explicar amizade. Só duas certezas: É nobre! É para sempre!...Faz-se de acordo com valores, ética, moral, tolerância, escrúpulos (...)? Devemos escolher bem os amigos? E como?Eu não sou selectiva a fazer amigos, nunca fui! Confesso e não me envergonho.Sou amiga de patifes como os Irmãos Dalton e os Irmão Metralha! Sou cúmplice da Maga Patológica, do Bafo de Onça, dos Romanos, dos Gauleses e dos Piratas! Há algo de irressistível nestes bonecos! Só consigo ter carinho e ternura diante da voz horrível de um Bardo Gaulês, da estupidez do Rantanplam, do lado desconcertante da Pantera cor-de-rosa e da irresponsabilidade do Pateta. E adorável contradição: Também adoro os exemplares Astérix, Luky Luke e Humpá-pá! A Mafalda é contestatária, a Susaninha é coscuvilheira e racista e o Manelinho é bronco - e eu quero-lhes tanto! Os meus Amigos Bonecos da B.D. têm todos em comum o Humor, a Franqueza, a Transparência. Não vão mudar nunca, nunca me desiludiram!Não é por acaso que são os únicos amigos que ainda conservo desde os 4 anos!... Os outros cresceram... Eu também! Que pena! Mas ainda procuro e encontro nas pessoas os bonecos queridos, Neste trabalho sobre Bonecos da B.D. entre muitas coisas encantou-me não ter resposta para a pergunta: - São os bonecos da B.D. feitos à nossa caricata imagem e semelhança... ou vice-versa? - Cristina Briona

Adaptação do conto "A Fada Oriana" (1958) de Sophia de Mello Breyner Andresen,
Incluindo poemas dos livros:
"No Tempo Dividido" (1954), "Livro Sexto" (1962) e "Geografia" (1967)
e excertos dos contos: "A Menina do Mar" (1958) e "O Cavaleiro da Dinamarca" (1964)

Ao espectáculo foi acrescentado um pequeno excerto do conto
"O Narciso" de Hans Christian Andersen (1805-1875)


Adaptação e Encenação:
José Leitão
Interpretação:
Jorge Pinho, Lúcia Ramos (*), Marta Mateus, Pedro Carvalho e Vitória Horta
Direcção musical:
Serafim Lopes
Cenografia:
Acácio de Carvalho
Figurinos:
Manuela Bronze
Movimento:
Ana Borges
Desenho de luz:
Ricardo Alves
Operação de luz:
Sónia Santos Leite
Fotografia:
Bruno Carvalho
Design gráfico:
C2 Design
Secretariado:
Susana Lamarão
Produção executiva:
Jorge Mendo
Assistente de produção:
Margarida Soares
Adereços:
Dantas Lima, Henrique Praça, Sónia, Diana Regal
Guarda-roupa:
Manuela Lopes, Ana Trigo, Diana Regal, Ermelinda Guerra


(*) actriz cedida pelo Teatro do Morcego

Share by: